A Páscoa está chegando e quem gosta de uma boa cerveja já começa a pensar com qual vai harmonizar todo esse chocolate. A resposta mais comum é cerveja “escura”: Stouts, Porters, Brown Ales e por aí vai.
[Confira aqui alguns rótulos para deixar sua Páscoa mais cervejeira!]
Pensando nisso, vou desconstruir quatro mitos sobre esse tipo de cerveja, deixando assim sua experiência mais completa e rica, além de deixá-lo preparado para responder com clareza e autoridade a comentários do tipo “cerveja escura é muito forte”.
Vamos lá!
Mito 1: cerveja escura é doce.
Este mito é mais conhecido entre pessoas que tiveram pouco ou nenhum contato com cervejas artesanais, geralmente influenciadas pela conhecida Malzbier, ou pelos chopes escuros de cervejarias comerciais.
A coloração escura de uma cerveja definitivamente não é um indicador de dulçor. A Guinness, cerveja escura mais famosa do mundo, não é nada doce.
Não estou dizendo que não há cervejas escuras doces, mas apenas que não existe uma relação de implicação “se é escura, é doce”. Existem cervejas de coloração escura que são mais adocicadas – alguns rótulos de Irish Red Ale, por exemplo.

Mito 2: cervejas escuras são muito encorpadas.
Mais uma vez, a cor da cerveja nada tem a ver com corpo. Existem cervejas claras encorpadas, escuras leves, claras leves e escuras encorpadas.
É verdade que a cor escura da cerveja tem relação com a utilização do malte, assim como o corpo também está relacionado a esse ingrediente.
No entanto, o que precisamos nos atentar é que, enquanto a cor é ditada pela tipo de malte – há maltes claros, escuros, caramelizados, tostados -, o corpo é ditado pela quantidade.
Ou seja, falando a grosso modo, quanto mais malte for utilizado em sua receita, mais a cerveja será encorpada.
Mito 3: cervejas escuras não podem ser refrescantes.
Essa não podemos dizer exatamente que é um mito. De fato, como regra, as cervejas escuras são menos refrescantes que as cervejas mais claras. No entanto, devemos nos atentar que existem sim relevantes exceções.
Uma Dry Stout com baixo corpo e uma American Brown Ale levemente caprichada nos lúpulos são exemplos de maravilhosas exceções.
Temos ainda a India Black Ale, que cada vez mais tem caído no gosto do público e que também pode ser excepcionalmente refrescante, independentemente da coloração mais escura.
Mito 4: cervejas escuras são mais alcoólicas e engordam mais.
A quantidade de calorias de uma cerveja geralmente está ligada ao teor alcoólico, uma vez que o álcool é proporcionalmente uma das coisas mais calóricas que existem.
Assim, nesse tópico iremos quebrar dois mitos em um.
Pare para pensar. Se olharmos, por exemplo, para um pão de forma antes e depois de ir para a torradeira. O que terá mudado de um momento para o outro?
A aparência terá mudado? Com certeza. O paladar terá mudado? Indiscutivelmente. Mas a quantidade de calorias terá sido alterada pelo simples fato de o pão ter sido tostado ou torrado? NO!
O mesmo raciocínio pode ser aplicado à cerveja – o nosso pão líquido. Nem a tosta e nem a torra dos grãos utilizados para produção da cerveja irão influenciar na quantidade de calorias e tampouco de álcool do produto final.
O que faz com que uma cerveja seja mais alcoólica – e consequentemente calórica – do que outra é o volume de malte utilizado e o quanto esse malte foi efetivamente fermentado.
Por isso, vemos Session Stouts, Dry Stouts e até mesmo legítimas Stouts inglesas com baixo teor alcoólico e também com um nível normal de calorias.